Crianças agitadas… Numa sociedade hiperativa.

Crianças agitadas… Numa sociedade hiperativa.

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Compartilho com vocês este assunto  que me parece relevante para que possamos compreender o que tem acontecido com nossas crianças, atualmente.

Eu sou reativa a tudo que é modismo e ultimamente, na área da Educação só se tem falado sobre autismo, dislexia e transtorno de atenção. Entretanto, superei a barreira da reatividade para tratar de um destes temas neste post: O tradesatrentonstorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), a pedido de alguns leitores que me acompanham e que se encontram preocupados com seus filhos, em função de queixas da escola relacionadas com agitação e hiperatividade.

A primeira coisa que me parece fundamental esclarecer é que as crianças pequenas, até 3 anos, não têm ainda a capacidade de focar a atenção durante mais de 5 ou 10 minutos em algo que lhe interesse bastante. São agitadas e desatentas pela própria natureza, visto que estão ainda em processo de desenvolvimento. Outro aspecto relevante a se considerar é o mundo em que vivemos, repleto de estímulos visuais , auditivos e cinestésicos, o que contribui para a agitação não apenas dos pequenos, mas de todos que nele vivemos e somos sujeitos até a uma nova síndrome: A do pensamento acelerado ( outro modismo ) ?pensamento acelerado

O que me causa espécie é o número exagerado de diagnósticos de TDAH e as consequentes medicações,na maioria de meninos em torno de 5, 6 anos, quando a escola começa a exigir ( ao meu ver precocemente) mais tempo de permanência na sala de aula, atividades formais num tipo de escola que deveria se pautar pela informalidade. Estas demandas escolares ou crises em famílias disfuncionais,segundo as observações técnicas, são fatores desencadeantes do tal  TDAH.

É preciso, portanto, que se estabeleçam alguns princípios em torno desta situação, os quais listei abaixo para facilitar a leitura:

  • O cérebro humano é o único órgão que não nasce pronto. Precisa crescer e amadurecer para exercer todas as funções cognitivas que lhe são próprias;
  • As crianças que apresentam de fato o transtorno de déficit de atenção com ou sem hiperatividade são aquelas que crescem em idade  mas não têm o amadurecimento cerebral na mesma proporção, ou seja, sofrem, de imaturidade neurológica;
  • Somente médicos ( neurologistas ou psiquiatras ) são competentes para o diagnóstico , que é feito a partir da análise do quadro clínico, a partir de 6, 7  anos. Portanto, antes desta idade, deve-se considerar o desenvolvimento natural da criança e esperar seu amadurecimento;
  • O tratamento, quando necessário, é composto por medicação prescrita pelo médico, já que pode ter efeitos colaterais, e também por terapia, pois o comportamento da criança já se encontra alterado, ela foi rotulada como impertinente e agitada e  necessita de suporte durante psicológico ou psicopedagógico.

Para concluir, chamo a atenção dos pais para o fato de que  criança não é adulto em miniatura e nem “projeto para futuro”. Pelo contrário, criança é a expressão de um presente que precisa ser atendido em suas necessidades de afeto.

Chamo também a atenção das escolas para o fato de que o seu objetivo não é preparar as crianças “para” a vida, como se esta fosse algo que só acontece no futuro e, para isso, pressionam os pequenos em estruturas altamente competitivas para que sejam, ” adultos de sucesso”.

A escola de hoje tem tantas exigências que não sei até onde as crianças vão aguentar. Por isso, muitas delas,sadiamente, se agitam e expressam sob a forma da hiperatividade, um grito de socorro que os adultos e profissionais, em sua indiferença e arrogância, teimam em rotular como um distúrbio, um problema, sem olhar para o próprio umbigo e se perguntar em que medida estão envolvidos nesta situação.

Será que o que chamamos de TDAH não é apenas um sintoma de uma sociedade hiperativa que as crianças, em sua pureza, teimam em denunciar ?

tdah

 

 

 

 

 

 

 

Angel Roman

Júlia Eugênia Gonçalves
Júlia Eugênia Gonçalves
Psicopedagoga há 41 anos, com formação em mestrado pela UFF./RJ. Carioca, moro em Varginha/MG desde 1996, quando fui contratada pela UEMG para participar de um projeto de formação de professores, depois de ter me aposentado da rede pública federal, onde atuava como docente no Colégio Pedro II. Pertenci ao Conselho Nacional da ABPp de 1997 a 2010. Presido a Fundação Aprender, em Varginha, instituição pública de Direito Privado, sem finalidades financeiras e de utilidade pública.Atualmente tenho me especializado em EaD e suas interfaces com a Psicopedagogia.

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