Uso de Celulares e Smarth Phones em Sala de Aula

Uso de Celulares e Smarth Phones em Sala de Aula

professor com celular

Nesta semana tive contato pelo facebook com uma foto que me fez refletir a respeito da escola e de suas dificuldades em acompanhar as mudanças sociais.

celulares na caixinhaTrata-se de uma sala de aula na qual os alunos se encontram na disposição habitual, enfileirados uns atras dos outros e, numa mesa, na frente de todos, uma caixa onde estão guardados seus celulares. Para mim, o pior ainda foi ler os comentários elogiosos à iniciativa daquela escola.

Pensando a respeito, lembrei-me de uma situação vivenciada há quase vinte anos. Um senhor havia escrito um livro sobre a escola enquanto instituição social e me pediu para participar de uma mesa redonda, em seu lançamento. Em seu texto ele criticava a escola e a acusava de ter sido a fonte de todos os vícios que adquirira em sua vida, tais como o fumo, a competitividade exacerbada, as ” manhas” para enganar os outros etc. Em meus comentários eu defendi a escola argumentando que tudo que existe lá dentro está do lado de fora, ou seja, na sociedade.

Hoje, porém, me questiono a este respeito, pois as crianças e jovens têm smart phones, vivem navegando na internet e compartilhando arquivos nas mídias sociais, mas só da escola para fora. Dentro da sala de aula é proibido.  Será que os professores não percebem que criar limitações ao uso dos aparelhos é ” nadar contra a maré ” ?

A escola pode usar os smart phones para trabalhar conteúdos e deixar os alunos mais interessados.

kindlePor exemplo, o professor de Língua Portuguesa pode sugerir que os jovens baixem o aplicativo kindle para poderem ler livros pelo celular. Isso pode acontecer desde o Fundamental I até o Ensino Médio e Superior.  Como os aparelhos possuem câmeras, realizar atividades com fotos tiradas pelos próprios alunos pode ser interessante para os  trabalhos escolares. O mesmo em relação aos vídeos . Os jovens podem produzir documentários, entrevista e pequenas produções a respeito de temas do currículo ou de conteúdos de determinada disciplina.

Alguns aplicativos, como o watts app, permitem a interação e a colaboração entre colegas de uma mesma classe, que podem compartilhar ideias e arquivos para a realização de atividades. Há alguns dias eu estava em casa e minha neta de 15 anos, ao celular. Fui chamar sua atenção alegando que devia estar estudando e fui surpreendida quando ela me mostrou que estava trabalhando em grupo, com mais 3 colegas, por mensagens de áudio pelo watts app. A outra neta, de 9 anos, veio se queixar comigo porque seus colegas têm celular com 4g e o dela não possui esta funcionalidade. Portanto, em nossa vida, celular, smarth phones e internet estão dentro de casa !Watts app

Pais e professores utilizam celulares em suas casas e em seus ambientes de trabalho. As crianças e jovens são presenteadas com os aparelhos, pelos pais e não podem usá-los na escola ! Eles participam de uma sociedade que estimula a comunicação, na qual a informação está disponível com imediatismo na internet e não podem fazer uso destes recursos no processo de aprendizagem porque a escola não permite. Imagine se o professor está dando aulas, um aluno tem dúvidas e usa seu smart phone para pesquisar no google  ! Seria um problema ? Depende do professor e da situação. Se a escola investir em mudanças de atitudes, o professor poderia indicar o tema da aula, pedir aos alunos que pesquisem na internet em seus celulares , organizar as informações obtidas e depois expor o assunto no ponto de vista que  é relevante para a turma. Sim, porque hoje em dia, a informação está disponível em abundância, mas informação relevante…. só o professor é capaz de selecionar e explicar aos seus alunos e demonstrar que aquelas disponíveis na internet trazem diversos pontos de vista sobre o mesmo assunto, analisando com eles quais seriam os mais pertinentes

Os alunos sabem usar o celular para as coisas básicas ( enviar mensagem, tirar fotos, etc) , mas os professores podem ensinar-lhes a fazer uso educativo dos aparelhos, explorando as práticas comunicativas, os diálogos e os recursos que esta tecnologia oferece, de maneira controlada.

Tudo que é proibido é tentador. Quanto mais se proibir o uso de celulares e smarth phones em sala de aula, mais os alunos encontrarão meios de burlar as regras. É necessário que a escola e o professor se abram para o que está evidente  na sociedade e no mundo de hoje e as práticas comunicativas sociais passam pelo uso dos celulares. Portanto, vamos abolir a ” caixinha ” e permitir que os jovens usem celulares e smarth phones  em sala de aula.

 

 

 

 

Júlia Eugênia Gonçalves
Júlia Eugênia Gonçalves
Psicopedagoga há 41 anos, com formação em mestrado pela UFF./RJ. Carioca, moro em Varginha/MG desde 1996, quando fui contratada pela UEMG para participar de um projeto de formação de professores, depois de ter me aposentado da rede pública federal, onde atuava como docente no Colégio Pedro II. Pertenci ao Conselho Nacional da ABPp de 1997 a 2010. Presido a Fundação Aprender, em Varginha, instituição pública de Direito Privado, sem finalidades financeiras e de utilidade pública.Atualmente tenho me especializado em EaD e suas interfaces com a Psicopedagogia.

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