O Diagnóstico da Criança em Fase de Alfabetização: Aspectos Físicos

O Diagnóstico da Criança em Fase de Alfabetização: Aspectos Físicos

crianças

Continuando o assunto iniciado na semana passada, veremos agora o que é importante que pais e professores analisem nas crianças em fase de alfabetização, verificando  se há comprometimento físico  que possa interferir na aprendizagem da leitura e da escrita.

Em relação ao desenvolvimento físico é importante observar:

  • A relação idade X peso X altura: crianças muito franzinas podem ser  portadoras de  desnutrição, com repercussões sobre seu desempenho escolar;
  • O tônus muscular: hipertonia  ou hipotonia podem indicar ou acompanhar  algumas síndromes e dificultam o desempenho  motor na escrita;
  • A orientação espaço-temporal: crianças que apresentam dificuldades de orientação no espaço  podem apresentar problemas quanto à escrita em  pautas, obediência às margens, tamanho  da letra, etc.;
  • A Postura: se tiver algum problema pode interferir negativamente na  escrita,seja pela  posição do tronco em relação à mesa, seja pela preensão do  lápis. A este respeito, é muito  importante que o professor observe como a  criança segura os instrumentos de escrita( lápis, caneta, giz). A maneira  correta é com indicador e polegar em oposição e o dedo médio dando  apoio,  conforme a figura:

segurar no lápis

Crianças que apoiam o dedo médio sobre o lápis exercem pressão sobre o instrumento, acarretando em função de hipertonia dos músculos das mãos,  braço, antebraço, ombro e  pescoço. Para tais crianças, escrever significa  “dor”. Leia mais a respeito em http://johannaterapeutaocupacional.blogspot.com.br/2010/03/seu-filho-segura-direito-no-lapis.html

  direita esquerda

Lateralidade/direcionalidade: apesar de muitas crianças definirem sua   lateralidade antes dos  6 anos, isso não quer dizer que saibam nomear  corretamente “esquerda” ou “direita”. A  lateralidade é um componente interno,  decorrente da dominância do hemisfério cerebral. O professor deve  observar se ela troca o lápis de mão enquanto escreve, se alterna a  mão  direita com a esquerda em suas ações rotineiras, para verificar se a  lateralidade foi ou  não definida. Crianças que têm dificuldades neste âmbito  provavelmente terão problemas na  escrita, pelas exigências que o manejo do  lápis e a progressão da escrita – da esquerda para  a direita – exige;

estrabismoMovimento ocular: o amadurecimento do sistema nervoso central leva ao   amadurecimento  das funções oculares. É comum que até os 6 anos de idade  as crianças apresentem  convergência ocular, o que leva a dificuldades de  leitura e escrita. Por isso, é conveniente a  observação da criança quando  brinca de ler ou está vendo imagens em um livro. Se tiver necessidade  de acompanhar os movimentos oculares com a cabeça, pode ser que ainda  não tenha amadurecido suficientemente.A convergência ocular impede que  ambos os olhos  sigam a mesma progressão- da esquerda para a direita- e  ocasiona dificuldades de leitura. As  crianças que mantém esta situação além  dos 6 anos de idade necessitam de tratamento  específico, com exercícios de  ortóptica.  A visão tridimensional ou estereoscópica ocorre quando há binocularidade, possibilitando a percepção da posição dos objetos no espaço, o cálculo da distância entre eles e a noção de profundidade. A imagem integrada no cérebro ocorre porque a informação visual de ambos os olhos (visão binocular) é fundida em uma única imagem pelas células corticais conectadas às vias ópticas de ambos os olhos. A visão binocular se desenvolve normalmente se os dois olhos trabalharem juntos. Com imagens diferentes por desvio dos olhos (estrabismo) ou por erro de refração, não ocorre a fusão. As alterações da visão binocular, as dificuldades de convergência (desvio) e acomodativas (acomodação da lente ocular para ver em diferentes distâncias) podem acarretar na criança sensações desagradáveis tais como: imagens duplas (diplopia), dificuldade de figura e fundo e de orientação no espaço. Essas dificuldades devem ser corrigidas por correção óptica, oclusão ou intervenção cirúrgica quando for o caso, o mais cedo possível,para que a criança tenha um desenvolvimento normal do sistema e função visual.

Tais aspectos físicos são devem ser observados e identificados na fase de alfabetização, pois, quando detectados, permitem que as crianças sejam atendidas em suas necessidades e tenham sucesso em seu processo de aprendizagem.

Júlia Eugênia Gonçalves
Júlia Eugênia Gonçalves
Psicopedagoga há 41 anos, com formação em mestrado pela UFF./RJ. Carioca, moro em Varginha/MG desde 1996, quando fui contratada pela UEMG para participar de um projeto de formação de professores, depois de ter me aposentado da rede pública federal, onde atuava como docente no Colégio Pedro II. Pertenci ao Conselho Nacional da ABPp de 1997 a 2010. Presido a Fundação Aprender, em Varginha, instituição pública de Direito Privado, sem finalidades financeiras e de utilidade pública.Atualmente tenho me especializado em EaD e suas interfaces com a Psicopedagogia.

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