O Que Os Alunos Esperam da Escola, Em 5 Tópicos

O Que Os Alunos Esperam da Escola, Em 5 Tópicos

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O carnaval acabou e o ano letivo realmente se inicia, ensejando uma reflexão a respeito da relação entre os alunos e a escola onde estudam. O que se percebe é que  tal relação se encontra desgastada na medida em que  a sociedade mudou de forma acelerada nos últimos anos e a escola não acompanhou as mudanças com a mesma velocidade.

Destacamos em 5 tópicos o que os alunos esperam da escola, na atualidade:

diferenças1- Respeito às diferenças: ultimamente nosso país tem recebido grande número de  refugiados do Haiti e da Síria, além do fluxo contínuo de imigrantes de todas as partes do mundo, resultante do processo de globalização . Temos um grande número de chineses que para aqui vêm trabalhar, assim como o fizeram italianos e japoneses no século passado. As diferenças étnicas , culturais  e religiosas se refletem em nossa sociedade, mas a escola continua trabalhando com um ” aluno ideal ” : O calendário escolar, por exemplo, ainda é pautado nas festas religiosas cristãs / católicas e os professores não são preparados para abordar com seus alunos as ideias religiosas de outras culturas; a família hoje tem novas composições, desde arranjos multiétnicos àquelas compostas por casais homossexuais , por avós que exercem função materna e paterna com seus netos, casais que decidiram que a mãe sai para trabalhar e o pai cuida da casa e dos filhos etc. Isso raramente é discutido com as crianças, permitindo a compreensão de sua situação no contexto familiar. Respeitar as diferenças é o primeiro passo para a gestão da diversidade na escola, porta de entrada da inclusão escolar e social, tão decantada e pouco alcançada na realidade brasileira;

amorosidade2- Amorosidade: a relação entre professor e aluno precisa ser uma relação amorosa, como nos lembrou Paulo Freire. O grande filósofo abre nossos olhos para a necessidade de a escola olhar os alunos como sujeitos e não como objetos. O amor é um sentimento humano, que só existe de um sujeito em relação a outro sujeito. Se o professor não ama seus alunos, no sentido fraterno que este termo possui, a relação pedagógica não existe. Isso significa que cada aluno precisa ser visto em sua singularidade, atendido de acordo com suas necessidades. As crianças, quanto mais pequenas, mais sensíveis ao contato interpessoal. Adolescentes estudam esta ou aquela disciplina em função da relação com este ou aquele professor. Portanto, a escola precisa resgatar a amorosidade para atender ao aluno de hoje , que está cada vez mais difícil de conquistar em função da concorrência com a mídia eletrônica e digital;

dinamismo3-Dinamismo para acompanhar as mudanças sociais, que trazem a cada dia uma nova mídia, um novo fato, um novo costume. Há alguns anos atrás fui procurada por uma pessoa  desconhecida,que  depois se tornou meu amigo, para que discutisse num debate um livro que havia escrito sobre os malefícios que a escola lhe causara. Escrevera que aprendeu a fumar na escola, a enganar na escola, a mentir na escola. Em minha fala, eu argumentei a favor da escola dizendo que tudo isso acontecera com ele porque o fumo, o engano e a mentira estavam presentes na sociedade da época. Se é assim para os vícios, deve ser para as virtudes: O discuso social fala de parcerias, cooperação e solidariedade e, na escola, os alunos  ainda são levados a competir por resultados. É preciso que o dinamismo social adentre o ambiente escolar, a fim de que os alunos se sintam parte do local onde estudam e possam se sentir à vontade neste espaço;

estímulo4-Estímulo: o ser humano necessita de estímulo para aprender, já disse Piaget.  O problema é encontrar a dose certa para isso. Assim como um elástico, que  muito esticado pode se romper, ou muito frouxo não apresenta a tensão necessária para cumprir seu objetivo, muito estímulo acompanhado de cobranças exageradas por parte da escola pode gerar stress nas crianças a ponto de, em casos extremos, produzir doenças. Falta de estímulo, por outro lado, leva ao desinteresse pelas atividades. Se o aluno percebe que seu professor não acredita nele, não tem como corresponder a isso. O mesmo acontece quando a expectativa é muito grande ou o desafio de uma proposta educacional está além da capacidade e do desenvolvimento da criança em sua respectiva faixa etária. A escola precisa encontrar o ” caminho do meio”;

file00015948121605-Expressão: numa sociedade em que se espera que as pessoas se comuniquem oralmente ou utilizando as mídias
disponíveis, é preciso que as crianças sejam trabalhadas em sua expressão oral e escrita. A autoria deve ser incentivada porque representa o que mais significativo existe em cada sujeito:  Suas ideias. Entretanto, vemos muitas escolas ainda incentivando a cópia, a reprodução estereotipada de  conceitos, inibindo  o pensamento e a expressão de seus alunos que muitas vezes se perguntam: Para que isso vai servir em minha vida ?É preciso que o currículo escolar e as técnicas utilizadas em sala de aula sejam fonte de inovação e de criatividade , valores requeridos para os  profissionais no mercado de trabalho da atualidade.

Com estes 5 tópicos não esgotamos assunto tão complexo. Pelo contrário, abrimos a discussão a respeito da relação dos alunos com suas escolas, esperando por seu comentário para que ela continue neste espaço virtual de aprendizagem.

Para auxiliar no trabalho com um destes tópicos, o desenvolvimento da expressão oral e escrita, disponibilizamos um conjunto de pranchas que podem ser usadas para a descrição de seus elementos, criação de frases e pequenos textos. Clique aqui para fazer o download deste material.

Júlia Eugênia Gonçalves
Júlia Eugênia Gonçalves
Psicopedagoga há 41 anos, com formação em mestrado pela UFF./RJ. Carioca, moro em Varginha/MG desde 1996, quando fui contratada pela UEMG para participar de um projeto de formação de professores, depois de ter me aposentado da rede pública federal, onde atuava como docente no Colégio Pedro II. Pertenci ao Conselho Nacional da ABPp de 1997 a 2010. Presido a Fundação Aprender, em Varginha, instituição pública de Direito Privado, sem finalidades financeiras e de utilidade pública.Atualmente tenho me especializado em EaD e suas interfaces com a Psicopedagogia.

12 Comments

  1. Vânia Lúcia Lima Guimarães disse:

    Oi professora querida vc como sempre arrasando,amei a publicação,suas publicações tem me ajudado muito bjs,parabéns.Continue sendo esta pessoa maravilhosa sempre repartindo com os amigos.

  2. Regiane Aparecida de Oliveira Bernardes disse:

    Olá professora, suas publicações tem me ajudado muito nesta nova fase de minha vida, estou sem palavras para expressar minha gratidão por transmitir todo conhecimento, com amor carinho e dedicação.Muito obrigada professora.

  3. Mara Margareth Zamingnani disse:

    Olá! Tudo bem? Espero que sim. Bom adoro os materiais e artigos que você posta. São para mim de grande utilidade e aprendizado. Aproveito as dicas e matérias que faço adaptações para minha realidade. Agradeço seu cuidado e dedicação. Abraços, Mara

  4. Helieni Souza disse:

    Oi Júlia! Não sou professora mas sou mãe, gosto muito de suas publicações e esse texto só vem afirmar o meu temor quanto a relação aluno professor, como qualquer outra profissão se não amar o que faz é melhor que não faça. O que tenho visto no decorrer da vida escolar de meus filhos é exatamente isso, a grande falta do “caminho do meio”. Meu filho tem 9 anos e está no 5º ano, quando estava no 3º ano tinha uma professora que estava prestes a se aposentar e a cabeça de uma professora da época que ainda existia o castigo ajoelhado no milho, era uma pessoa bastante difícil e meu filho odiava a escola era um sacrifício para que fosse a escola, para fazer as lições era um martírio e ainda tinha problemas de relacionamento com os colegas. Quando foi no 4º ano, mudou o professor e tudo mudou junto, meu filho passou a ter prazer em ir para a escola, fazia as lições e até o relacionamento com os colegas mudou e o que é mais importante ele aprendia o que era ensinado. Obrigada pelas orientações, pois ajuda até as mães. Grande abraço.

  5. Oi Ariete,

    Eu é que sinto feliz com sua presença em minha vida de professora.
    Um abraço,
    Júlia

    • Ramdidar disse:

      Boa tarde professora,Dei uma oldhaa no blog, e quando vi esta imagem lembrei-me da minha primeira aula de filosofia no 10 ano.Estava, com a “cabee7a na areia” como os da imagem. Nunca tinha pensado sobre certos assuntos que abordamos nas aulas e aprendi ser mais credtica em relae7e3o ao argumentae7e3o. Aprendi tantas coisas…Aprendi abrir os olhos novamente e olhar para o mundo de modo diferente. He1 pessoas que ve3o concordar comigo e ve3o haver pessoas que ne3o ve3o perceber do que e9 que estou a falar, mas na minha opinie3o perdem uma opportunidade fanica na vida, e espero bem que aednda lhes pode acontecer no futuro. Tenho imenso pena que je1 ne3o tenho filosofia, mas queria agradecer por tudo que vocea fez e faz para mim e os outros alunos.Obrigada!Jearina Isabelle 12 C

  6. Nathalia disse:

    Ótima publicação professora Júlia!
    Como educadora tenho todos os dias muito cuidado, atenção e respeito para andar nesses passos literalmente educacionais citados acima pela sra.
    Forte abraço!
    Nathalia

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