Ainda sobre a questão do diagnóstico da criança em fase de alfabetização, é necessário que pais e professores fiquem atentos aos seguintes aspectos;
A criança apresenta ainda indícios de vivência intensa do complexo de édipo? Isso pode ser verificado por seu comportamento em relação à ausência/presença da mãe, por condutas regredidas, fala infantil, etc. Aquelas que com 6 ou 7 anos de idade costumam passar para o quarto dos pais à noite demonstram imaturidade emocional.
É importante também se atentar para como ela se percebe, ou seja, como está sua auto-imagem ou seu sentimento de competência, se age com autonomia diante de tarefas ou se fica submissa à vontade do outro.
Outro âmbito a se considerar neste momento é o nível de egocentrismo. Crianças muito egocêntricas são geralmente imaturas para sua idade cronológica e enquanto estiverem preocupadas consigo mesmo, com suas questões pessoais, com as decisões relativas à sexualidade. Geralmente não com seguem ter a necessária tranquilidade para lidar com o que vem de fora, como é o caso da escrita formal.
O professor precisa também estar atento ao nível de fantasia da criança. Aquelas que vivem no “ faz de conta” , apresentam dificuldades em se apropriar da realidade e como a língua escrita é bastante objetiva, com regras a serem seguidas, crianças muito presas ao seu mundo subjetivo terão dificuldades para se apropriar do sistema da escrita alfabética.
Outra questão muito relevante para o processo de alfabetização e que deve ser observado neste período inicial reservado ao diagnóstico é a tendência à distração. Crianças pequenas ainda não possuem a capacidade de focar sua atenção por algum tempo em determinada ação. Contudo, em torno de 6, 7 anos, já devem possuir suficiente estabilidade neurológica e controle do próprio comportamento de maneira que consigam fixar a atenção durante algum tempo em eventos, objetos e estímulos que lhes sejam apresentados pelo professor.
Aquelas que possuem forte tendência à distração geralmente são muito prolixas, pois não conseguem controlar a fala ou seu ritmo; dão mostras de agitação motora, pois não conseguem se manter quietas durante as atividades propostas; variam muito de humor, pois são afetadas pelo que ocorre em seu exterior; possuem baixa resistência à frustração, demonstrando imaturidade emocional em relação à idade cronológica e têm dificuldade em estabelecer vínculos com crianças da mesma idade, relacionando-se melhor com aquelas mais velhas ou muito mais novas.
Todos estes aspectos de natureza emocional precisam ser considerados pela escola no período de alfabetização, para que a aprendizagem da leitura e da escrita seja um prazer e não se transforme em martírio.