O Que Fizeram com o Recreio nas Escolas ?

O Que Fizeram com o Recreio nas Escolas ?

hora do recreio

A palavra recreio é um substantivo que significa divertimento, diversão, brincadeira. É uma forma regressiva do verbo recrear. Há também a versão de que recreio é intervalo de tempo dado as crianças, entre suas aulas, nas escolas, destinado aos seus brinquedos e suas brincadeiras.

recreioPorém, o que fizeram com o recreio das crianças? Será que o recreio, tal como conhecido pela geração passada, continua com as mesmas características hoje? Creio que não!

Meu termômetro são meus netos e minhas observações como psicopedagoga quando presto assessoria às escolas.

Em relação aos primeiros, eles me dizem que o recreio dura apenas 15 minutos e que não há tempo para merendar e brincar. Entre uma coisa e outra, optam pela merenda. Relatam também que quando vão comprar alguma coisa na cantina  o tempo fica menor ainda, por causa das filas imensas que se formam.

Já vi uma classe de Educação Infantil, no período do recreio, ficar sentada no chão merendando porque o tempo só dava para isso.

E o que falar de algumas professoras que ainda impedem as crianças de irem ao recreio como castigo? Porque mesmo que não haja tempo para brincar, é um momento de descontração entre a pressão da classe e dos conteúdos, a que eles têm direito.

É preciso repensar os horários escolares e colocar o recreio como parte relevante na rotina. Este intervalo de tempo entre as atividades formais é necessário para que a criança e o jovem possam se relacionar com os colegas, possam brincar livremente, articulando instâncias subjetivas e objetivas. Nos púberes e adolescentes, o recreio é o momento em que os namoricos surgem, as paqueras acontecem e isso é saudável nesta idade.

Fala-se tanto em jogo, brincadeira, métodos dinâmicos, ativos e, contudo, relega-se o recreio a míseros 15 minutos em 4 horas diárias de atividades escolares, numa contraposição aos conteúdos, estes sim, ultra relevantes!

Vemos crianças deprimidas, agitadas, com dificuldades de aprendizagem e precisamos nos perguntar: a escola é um espaço sobretudo de estudo ou também um local de prazer? Como resgatar o prazer de aprender sem que a escola possa ser um locus recreativo na essência do termo? Brincar e aprender andam sempre juntos, mas Alícia Fernandez nos coloca, com sua lucidez peculiar, que “ Aprender é quase tão lindo como brincar “, ou seja, brincar é mais relevante, porque é possibilitador de aprendizagens.

As crianças, em sua grande maioria, acham a escola chata e só frequentam as aulas porque são obrigadas pelos pais. Foi-se o tempo em que escola era sinônimo de alegria, amizades, brincadeiras. Hoje, é só  tédio !

 

 

 

 

 

 

 

 

Júlia Eugênia Gonçalves
Júlia Eugênia Gonçalves
Psicopedagoga há 41 anos, com formação em mestrado pela UFF./RJ. Carioca, moro em Varginha/MG desde 1996, quando fui contratada pela UEMG para participar de um projeto de formação de professores, depois de ter me aposentado da rede pública federal, onde atuava como docente no Colégio Pedro II. Pertenci ao Conselho Nacional da ABPp de 1997 a 2010. Presido a Fundação Aprender, em Varginha, instituição pública de Direito Privado, sem finalidades financeiras e de utilidade pública.Atualmente tenho me especializado em EaD e suas interfaces com a Psicopedagogia.

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