Hoje em dia tem-se assistido a um desvirtuamento dos princípios da Educação Infantil, que deveria se caracterizar pela informalidade de suas ações e atividades e que passa a trabalhar conteúdos de alfabetização, antecipando demandas que causam mais prejuízo do que vantagens.

O desenvolvimento da criança, por intermédio do jogo, que deveria ser a metodologia utilizada na Educação Infantil, integra diferentes estruturas e aspectos da ação sobre o meio. Tal processo tem como expressão máxima duas estruturas básicas de organização do mundo: As estruturas lógicas e as estruturas infralógicas. As primeiras se referem à atividade de relacionar os objetos sob a forma de classes, relações e números, a partir de  semelhanças e diferenças. As segundas se referem à atividade de relacionar objetos dentro do espaço e do tempo. Ambas se constroem paralelamente  e , ao constituírem sistemas operatórios,  expressam a culminância do processo de desenvolvimento cognitivo da criança. Elas representam a síntese de um desenvolvimento global que, para efetivar-se, exigiu uma perfeita integração dos diversos aspectos adaptativos quer compõem o processo evolutivo da espécie humana.

São tais aspectos que precisam ser levados em conta na Educação Infantil, posto que nenhuma estrutura poderá desenvolver-se isolada e independente, já que sua natureza é a de atender ao processo global de adaptação ao meio.

Já sabemos, depois dos estudos de Piaget, que a cognição se constrói a  partir de ações. O indivíduo precisa dispor de todos os seus recursos sensório-motores em perfeita harmonia. Sendo assim, é preciso que o currículo da Educação Infantil comporte uma gama de atividades psicomotoras.

Outro aspecto implícito no processo de desenvolvimento é o da expressão, que é fundamental para a construção da individualidade e para a própria organização psíquica. A possibilidade de expressão por meio da palavra e da arte, confere ao processo de desenvolvimento físico o seu complemento: è na medida em que pode ser comunicada que a vida interior se constrói. Numa programação específica para artes  na Educação Infantil a criança encontrará situações nas quais possa explorar e integrar seus recursos expressivos.

Outro aspecto também decisivo para o desenvolvimento da criança na Educação Infantil é o afetivo. No clima da sala de aula, na relação professor/aluno, na relação aluno/aluno se estabelece o verdadeiro motor de toda atividade infantil. Os recursos intelectuais não teriam sentido se não visassem atender a uma disposição afetiva. O crescer e o adaptar-se não seguem apenas direções intelectuais, mas são direções que um organismo integrado assume como resultado inevitável de sentir-se vivo.

Portanto, na Educação Infantil, o currículo deve primar por atividades cognitivas, psicomotoras, expressivas e afetivas, de maneira a que a criança integrando estruturas, possa alcançar um desenvolvimento global.

Antecipar demandas que são próprias do Ensino Fundamental é um erro, que será cobrado, sem dúvida, mais tarde.