O Tempo e a Aprendizagem

O Tempo e a Aprendizagem

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O tempo perguntou ao tempo, quanto tempo o tempo tem.
O tempo, respondeu ao tempo, que o tempo tem tanto tempo,
quanto tempo o tempo tem!

Ditado popular

A preocupação com o tempo é uma constante em nossos dias, visto que vivemos numa época em que as mudanças se dão de forma muito acelerada. Tudo é muito rápido, como as comunicações, as transações bancárias, os transportes..

No campo dos conhecimentos científicos assistimos à substituição de conceitos antigos por novos, teorias são trocadas  muito rapidamente porque se tornam obsoletas diante de novas descobertas, as quais, por sua vez, precipitam novas pesquisas e assim sucessivamente.

Nossa vida não fica imune a tais circunstâncias: As  crianças estão perdendo a infância muito cedo; a adolescência parece querer prolongar-se numa tentativa de permanência, a maturidade tem que ser vivida em plenitude e a velhice, evitada de todas as formas.

Em relação à aprendizagem, cada vez mais nos damos conta de que somos seres “aprendentes”, ou seja, só sobrevivemos porque aprendemos continuamente e podemos nos adaptar às novas situações do ambiente. A escolaridade tem começado desde as creches e tornou-se obrigatória a partir dos quatro anos de idade atendendo às exigências destes novos tempos.  Entretanto, nos damos conta de que existe um universo significativo de sujeitos com dificuldades de aprendizagem! O fracasso escolar ainda é um fantasma que ronda lares e escolas. Apesar de progressos tão rápidos e mudanças tão significativas, não conseguimos resolver problemas tão antigos!

O tempo é fruto de uma ilusão, de um “movimento” imperceptível, foge sempre ao nosso controle. Pode ser medido, mas não pode ser quantificado ou qualificado por si só.  Isto depende de nós. Se estamos interessados e desfrutando das ações que realizamos,  ele passa rapidamente; caso contrário, um minuto pode durar uma eternidade.  O mesmo ocorre em relação à aprendizagem muitas vezes, uma conversa, um único contato é suficiente para promover mudanças. Em outras situações,  meses e anos de trabalho são necessários para transformações significativas.

Por isso, não devemos, num sentimento de onipotência, tentar controlar o tempo. O  melhor é deixar que ele transcorra, tomando cuidado para que as pressões externas  não afetem a aprendizagem das crianças e dos adolescentes. A escola não pode  depender exclusivamente de resultados! Eles virão, com certeza, quanto mais habilidade  tiver o professor  para criar um espaço onde o “brincar” e o “aprender” aconteçam, quanto mais envolvidas no trabalho educativo estiverem a escola e a família e isto não pode ficar restrito a uma determinação de tempo.

Júlia Eugênia Gonçalves
Júlia Eugênia Gonçalves
Psicopedagoga há 41 anos, com formação em mestrado pela UFF./RJ. Carioca, moro em Varginha/MG desde 1996, quando fui contratada pela UEMG para participar de um projeto de formação de professores, depois de ter me aposentado da rede pública federal, onde atuava como docente no Colégio Pedro II. Pertenci ao Conselho Nacional da ABPp de 1997 a 2010. Presido a Fundação Aprender, em Varginha, instituição pública de Direito Privado, sem finalidades financeiras e de utilidade pública.Atualmente tenho me especializado em EaD e suas interfaces com a Psicopedagogia.

9 Comments

  1. Marilene Lima disse:

    Boa iniciativa a sua Júlia de tratar de um tema como o tempo. Cada ser é único e exclusivo e seu tempo para aprender também o é. Obrigada por nos manter atentos a vicissitudes pouco elaboradas no corre corre do dia a dia. Fraternalmente, Marilene

  2. Sueli Martin - PC0513 disse:

    Com certeza Julia o tempo é o que mais preocupa o ser humano hoje.
    Temos tanto tempo para pensar em tantas coisas e acabamos por deixar de pensar no que realmente tem importância…o tempo para aprender.

  3. TATIANE CARVALHO disse:

    Profª Julia é muito gratificante ser tua aluna em Psicopedagogia! Hoje entendo melhor sobre o tempo que toda criança tem em sua aprendizagem. Consigo, diferenciar bem o que é uma distração e uma desatenção, coisa que antes, não conseguia compreender.
    O tempo é o “Senhor” do aprender.

    • Oi Tatiane,

      O prazer é meu em ter alunas com seu nível de compreensão. Sem dúvida, precisamos dar tempo ao tempo, considerando que cada ser humano é senhor de si mesmo e tem suas próprias caraterísticas funcionais.

      Um abraço,

      Júlia

  4. maria Imaculada Aguiar Luiz disse:

    Prof. Julia
    Muito obrigada por enviar textos que nos faz tirar um tempo para refletir, como o texto diz estamos sempre com a sensação que nos falta tempo.As vezes corremos tanto que não encontramos tempo para ouvir as respostas que vão sendo esclarecidas através do tempo.
    Estou muito feliz com o curso, sinto que ele está me fazendo uma profissional melhor.
    Agradeço muito a todas vocês.

  5. Oi Cláudia,

    Eu é que agradeço sua atenção e seu comentário favorável ao nosso trabalho. Ajude a divulgá-lo.
    Um abraço,
    Júlia

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