O bullying e a Psicopedagogia

O bullying e a Psicopedagogia

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O Termo bullying
 
O Brasil, assim como outros países, apropria-se de palavras de determinada língua porque lhe faltam vocábulos para exprimir aquela ideia, por uma questão de modismo ou influência cultural. A este fenômeno se denomina estrangeirismo, processo que introduz palavras vindas de outros idiomas na língua. O estrangeirismo possui duas categorias: Com aportuguesamento: a grafia e a pronúncia da palavra são adaptadas para o português. Exemplo: abajur (do francês “abat-jour”) Sem aportuguesamento: conserva-se a forma original da palavra. Exemplo: mouse (do inglês “mouse”)
Hoje em dia, em face da posição dos EUA no cenário internacional e também pelo fato de a língua inglesa ter se tornado um “idioma universal”, assim como o fora o latim durante o império romano, usamos frequentemente palavras de origem inglesa com estrangeirismo sem aportuguesamento. Uma delas é a palavra bulllying, de origem inglesa, que expressa o comportamento pelo qual uma pessoa amedronta outra, lhe causa dor, ferimento, constrangimento, ou outros sofrimentos no plano físico ou emocional. Este fenômeno, nas relações humanas, não é novo. Portanto, o bullying não é novidade histórica. Assim, seria surpreendente se a língua portuguesa não tivesse palavras próprias para descrevê-lo. E as tem! Surpreendentemente mesmo é o desconhecimento delas, conforme revelado pelo amplo uso do termo bulllying, inclusive no meio educacional.
A palavra portuguesa para bullying é “bulir”, muito usada anos atrás, quando em casa, na escola e na rua alguém dizia “fulano buliu comigo”. O dicionário Houaiss apresenta como significados de bulir, que não consta como regionalismo: Mexer com; tocar; causar incômodo ou apoquentar; produzir apreensão em alguém; fazer caçoada; zombar e falar sobre outras pessoas. O mesmo dicionário tem também o termo bulimento e bulidor, ou seja, temos palavras para designar tanto o sujeito (bully), como o verbo (to bully) e o ato decorrente (bullying).
No nordeste do país a palavra bulir tem também o significado de tirar a virgindade, adquirindo uma conotação sexual. Talvez esta conotação da palavra “bulir” tenha influenciado na preferência pelo termo bulllying, que já se tornou comum entre nós.
Agora que já compreendemos o significado e porque utilizamos a palavra Bullying em inglês para expressarmos nossas ideias, convém analisarmos como o ato é justificado pelos autores que a ele se dedicam.
Alguns autores atribuem a crescente onda de violência, que caracteriza o Bullying, à programação da TV, considerando que:
·         Há uma ligação óbvia entre a ocorrência de violência na sociedade e a tematização e representação da mesma nas mídias;
·         A Televisão vende progressivamente a ideia de que a violência é aceitável, torna-a trivial, lugar comum, de todos os dias, mundana. Faz parte da vida, é normal. É parte da nossa cultura moderna;
·         A Televisão também ensina algo ainda mais corruptível – que a inteligência está fora de moda e que a força bruta é que convence. A moralidade está ultrapassada. Os polícias são estúpidos e os criminosos é que são os espertos. Há uma selva lá fora, envolvendo homens, mulheres e crianças e, no entanto, está tudo bem;
Vivemos, infelizmente, numa era de crimes progressivos de violência contra pessoas e propriedades, violência nos jogos de futebol, vandalismo social.
 
Bullying nas Escolas
 
O ambiente no qual o bullying tem sido mais discutido é o espaço escolar. Crianças e adolescentes isolam, insultam, agridem colegas e expõem uma realidade alarmante: pais e colégios não sabem como lidar com agressões que começam cada vez mais cedo.  Este tipo de conduta por parte de alguns alunos pode ser comum no dia-a-dia escolar, mas está longe de ser considerado aceitável, porque gera angústia, sofrimento e pode causar danos psicológicos imensuráveis nas vítimas.
O comportamento agressivo costumava aparecer na adolescência, mas agora é detectado entre crianças cada vez mais novas, o que tem preocupado as autoridades educacionais e as famílias.
O maior problema acarretado pelo bullying é o estresse, que afeta diretamente o ato de aprender e a capacidade de assimilação do conteúdo ensinado, conforme apontam estudos das neurociências.
 
Como a Psicopedagogia encara o bullying
Sendo o bullying um comportamento observável em crianças e adolescentes em seus grupos de convivência, pode ser considerado um vínculo patológico. Neste caso, o praticante e aquele que sofre o bullying estão vinculados de uma maneira particular, por motivos que devem pertencer ao mundo interno de cada um.
O psicopedagogo trabalha com aprendizagem e o bullying é uma conduta que interfere negativamente neste processo, por isso é necessário que os estudos a respeito dos vínculos na aprendizagem sejam aprofundados por este profissional em seu processo de educação continuada.
Importante também que o psicopedagogo exercite a capacidade de ouvir as crianças e adolescentes. Uma boa escuta é capaz de apreender nas entrelinhas algo que não é dito de maneira explícita.
Quando atua no âmbito institucional o papel do psicopedagogo na discussão e elaboração de normas de conduta escolar, projetos contra a prática do bulllying e conscientização de professores e familiares a respeito deste assunto, caracterizam o aspecto preventivo de sua atuação.
Quando atua na clínica o psicopedagogo age sobre os vínculos, abrindo espaços para que seu atendido possa ressignificá- los, saindo do lugar patológico de agressor ou de vítima em que possa estar.
Numa ou noutra situação o psicopedagogo precisa estar atento para o que acontece à sua volta e pronto para contribuir no sentido de produzir mudanças nas pessoas, com repercussões na sociedade.
Referências Bibliográficas:
BEANE, Allan L. Proteja Seu Filho do Bullying. São Paulo: Editora Best Sellers, 2008.
PEREIRA, Sônia Maria de Souza. Bullying e Suas Implicações no Ambiente Escolar. São Paulo: Ed. Paulus, 2009.
ABRAPIA (Associação Brasileira de proteção à Infância e Adolescência) (2006). Programa de redução do comportamento agressivo entre estudantes [online]. Disponível: http://www.bullying.com.br/Bconceituacao21.htm  (2007, Fevereiro, 19]
 
 

 

Júlia Eugênia Gonçalves
Júlia Eugênia Gonçalves
Psicopedagoga há 41 anos, com formação em mestrado pela UFF./RJ. Carioca, moro em Varginha/MG desde 1996, quando fui contratada pela UEMG para participar de um projeto de formação de professores, depois de ter me aposentado da rede pública federal, onde atuava como docente no Colégio Pedro II. Pertenci ao Conselho Nacional da ABPp de 1997 a 2010. Presido a Fundação Aprender, em Varginha, instituição pública de Direito Privado, sem finalidades financeiras e de utilidade pública.Atualmente tenho me especializado em EaD e suas interfaces com a Psicopedagogia.

3 Comments

  1. Sandra disse:

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